sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria


Mãe Imaculada, que és para todos um sinal de esperança certa e de consolação, faz com que nos deixemos atrair pela tua candura imaculada. A tua Beleza Tota Pulchra, cantamos hoje, assegura-nos que a vitória do amor é possível; aliás, que é certa; garante-nos que a graça é mais forte que o pecado e portanto que é possível o resgate de qualquer escravidão. Sim, ó Maria, Tu ajudas-nos a acreditar com maior confiança no bem, a apostar na gratuidade, no serviço, na não-violência, na força da verdade; encoraja-nos a permanecer acordados, a não ceder à tentação de fáceis evasões, a enfrentar a realidade, com os seus problemas, com coragem e responsabilidade. Assim fizeste tu, jovem mulher, chamada a apostar tudo na Palavra do Senhor. Sê mãe amorosa para os nossos jovens, para que tenham a coragem de ser "sentinelas da manhã", e concede esta virtude a todos os cristãos, particularmente, hoje a pedimos para todos os paroquianos  da Conceição de Faro. Que todos sejamos a alma do mundo neste não fácil período da história. Virgem Imaculada, Mãe de Deus e nossa Mãe, Auxílio dos Cristãos, intercede por nós!

Oratio 52: PL 158, 955-956

Ó Virgem, pela tua bênção é abençoada toda a criatura

O céu, as estrelas, a terra, os rios, o dia e a noite, e tudo quanto está sujeito ao poder ou ao serviço dos homens se alegram, Senhora, porque, tendo perdido a sua antiga nobreza, foram em certo modo ressuscitados por meio de Ti e dotados de uma graça nova e inefável.
Todas as coisas se encontravam como mortas, por terem perdido a sua dignidade original de servir o domínio e o uso daqueles que louvam a Deus, para que tinham sido criadas; encontravam-se esmagadas pela opressão e desfiguradas pelo abuso que delas faziam os servos dos ídolos, para os quais não tinham sido criadas. Agora, porém, como que ressuscitadas, felicitam a Maria, ao verem-se governadas pelo domínio e honradas pelo uso daqueles que louvam o Senhor.
Perante esta nova e inestimável graça, todas as coisas exultam de alegria, ao sentir que Deus, seu Criador, não só as governa invisivelmente, lá do alto, mas também está visivelmente presente no meio delas e as santifica com o uso que delas faz. Tão grandes bens procedem do fruto bendito do ventre sagrado da Virgem Maria.
Pela plenitude da tua graça, o que estava cativo na região dos mortos exulta de alegria ao ver-se libertado, e o que estava ainda no mundo regozija-se ao sentir-se renovado. Pelo poder do Filho glorioso da tua gloriosa virgindade, os justos, que morreram antes da sua morte vivificadora, alegram-se ao ver destruído o seu cativeiro, e os Anjos regozijam-se ao ver restaurada a sua cidade quase em ruínas.
Ó Mulher cheia de graça, superabundante de graça, a tua plenitude transborda para a criação inteira e a faz reverdescer. Virgem bendita, entre todas as coisas bendita, pela tua bênção é abençoada toda a natureza, não só a criatura pelo Criador, mas também o Criador pela criatura.
Deus entregou a Maria o seu próprio Filho, o seu Filho Unigénito, igual a Si, a quem amava de todo o coração como a Si mesmo. No seio de Maria, Deus formou o Filho, não distinto, mas o mesmo, para que realmente fosse um e o mesmo o Filho de Deus e de Maria. Tudo o que nasce é criatura de Deus, e Deus nasce de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria gerou a Deus. Deus, que criou todas as coisas, fez-Se a Si mesmo por meio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele, que pôde fazer todas as coisas do nada, não quis refazer sem Maria o que tinha sido arruinado.
Por esta razão, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria a mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai a quem se deve a constituição do mundo, e Maria a mãe a quem se deve a sua restauração. Pois Deus gerou Aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz Aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou Aquele fora do qual nada existe, e Maria deu à luz Aquele sem o qual nada subsiste.
Verdadeiramente o Senhor está contigo, pois quis que toda a criatura reconhecesse que deve a Ti, com Ele, tão grande benefício.

Das Meditações de Santo Anselmo, bispo (Sec. XII)

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